Loui Jover Art |
Quem sou aos 17
08/01/2016
Relembrando a mim mesma dez anos atrás,
vejo a garotinha que não queria mudar de escola e deixar seus
melhores amigos para trás, mudando de cidade. Ainda assim, ela era
uma criança: logo se adaptou, conheceu uma de suas novas melhores
amigas e ficou tão feliz na nova escola que resolveu estudar lá até
o final do Ensino Médio. Mas ainda estava longe, num futuro tão
distante que parecia irreal. Ela via aqueles alunos grandes e pensava
se seria como alguma daquelas garotas que via passando, da idade dos
protagonistas das grandes histórias, idade de emoções que ela
ainda não compreendia. Um dia, também passaria ela com aquela
aparência de quem é decidida, bela e feliz? Ela imaginava, sim, só
não tinha pressa alguma de crescer.
Bem, não faço ideia que tipo de
imagem passo ao atravessar o caminho de uma criança, apesar de meus
priminhos gostarem muito de mim, e eu de dar a eles meu amor, minha
atenção e a parte de mim que é sempre criança.
Na verdade, sempre me foi estranho
pensar que é na minha imagem do espelho que as pessoas pensam quando
apareço em suas mentes. Porque, olhando para ela, não vejo quase
nada do que sou. Eu sei, não é só nisso apenas que baseamos nossa
imagem de alguém. O que quero dizer é que estranho pensar que sou
“você” ou “ela” para todos, exceto eu. Eu só sei ser “eu”,
mesmo me olhando de fora tantas vezes. É por isso, eu acho, que é
tão difícil para as pessoas se entenderem, pois somos todos “eu”,
mas ninguém além de nós mesmos pensa em nós em primeira pessoa.
Que pensamento emaranhado! Isso parece óbvio demais para se ficar
devaneando.
Hoje fiz 17 anos e esse número soa um
pouco mais maduro do que os anteriores para mim. Não sei, acho que
atualmente tenho mais consciência de tudo, mesmo não sendo tão
decidida quanto achei que seria. Na verdade, ainda sei muito pouco
sobre mim. No entanto, sei quem quero ser na vida, para Deus e para
as pessoas. Quero ser tudo o que meu Senhor planejou para mim, quero
ser sua luz para quem não o conhece, e para isso tenho que me
dedicar ao todo a praticar sua bondade, seus infinitos bons
atributos. De todas as minhas inspirações, quem maior do que meu
querido Jesus?
Uma parte de meu dia de hoje foi com
meus amigos mais próximos. Comemos e conversamos, mas só o fato de
estar com eles me deixou feliz. Eu poderia ter ficado em silêncio
durante todas aquelas horas, apenas observando-os, e já estaria
satisfeita. Não sei expressar o quanto os amo, o quanto me conforto
em suas presenças, o quanto sou grata por tê-los na minha vida.
Queria abraçá-los muito mais do que serei capaz durante todos os
meus anos. Farei o melhor que puder.
Cada mensagem que recebi também foi
especial. É bom saber que há pessoas que se importam com você ou
em quem você deixou algo de bom. Também é bom ter certeza que
pessoas que não mandaram nada ainda assim se importam, e que não
precisam provar nesse dia exato.
Sou grata por cada dia de minha vida,
por tudo pelo que passei.
Tenho 17 anos e me sinto simplesmente
alguém, uma filha de Deus que tem o seu Amor e o amor de pessoas
incríveis. Nem criança, nem adolescente ou adulta, apenas alguém
que talvez tenha um pouco dos três. Existir já é um grande
milagre, ser feliz uma grande dádiva. Explicar quem sou talvez seja
tão simples que possa ser dito em uma palavra, ou tão difícil que não possa ser expresso em palavras. Por enquanto, não vou nem tentar.
Apenas continuarei sendo alguém.
Imaginar-me daqui há dez anos é
complicado. Esse futuro me parece quase tão irreal quanto o dia de
hoje para minha “eu” criança. Já não vejo uma expectativa de
autoimagem em ninguém, só espero ter chegado mais perto dos meus
sonhos e dos meus propósitos. E ser ainda mais feliz do que sou
hoje.
Beatriz F. Teixeira
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